terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Visita Inesperada.



Silêncio total em minha casa agora. Coisa rara nos últimos cinco meses. Talvez nada tenha mudado, além do fato de eu estar à todo vapor em plena madrugada... O silêncio vem do sono. Todos já dormiram. Esse é o momento em que relaxo. Quando não há ninguém perto, quando o único barulho é o som dos meus pensamentos.

Esses pensamentos me levam pro meu fundão. O terreno lá longe onde jogo minhas tristezas, minhas inseguranças, minhas questões. Vou visitar um lugar do qual não gosto muito, confesso. Cheio de poeira, coisas velhas, ruins, quebradas. E nessa viagem forçada, encontro uma parte de mim que quase nunca vem à tona.

Já me acostumei a decantar o que não gosto de levar adiante. Choro, penso e espero toda a parte dolorosa encontrar o fundo de mim pra lá morrer. Quando isso acontece, esqueço aquela dor. É como se eu não tivesse sentido. E isso acontece em relação a tudo, em todos os aspectos de minha vida. Na superfície, não guardo rancor. Mas no fundão...

Não acho que a gente esquece por completo dos espinhos, eles sempre estarão lá quando uma nova situação semelhante a outra dolorida queira aparecer. Os sentimentos guardados no fundão são meus alertas, meu sinais vermelhos. Por isso, creio que eles não sejam de todo ruins. Os antigos já dizem que a gente aprende pela dor e pelo amor, não é?

Pois então... Mas se o fundão tem seu lado bom, por que não gosto de ir lá? Acredito que é porque minhas visitas são demoradas. Toco em cada coisa que vejo. Chego perto, revivo. E isso dói!

Pra mim é mais fácil ser a Polyanna e jogar o contente! Eu prefiro chorar um dia inteiro a passar uma semana me lamentando. As coisas do fundão não podem visitar a superfície sempre. Não! A tristeza tem muito menos que quinze minutos de fama comigo. E não é que eu não sofra. Eu sinto tudo, como todo mundo! Só não vou trocar os minutos de risos pelas horas de choro.

Tenho certeza que vocês preferem a Mari que conhecem do que a Mari que me aparece na madrugada e nas horas de confusão interna! E, tenho de admitir, eu também prefiro ser assim... Não uma metamorfose ambulante, mas ter uma opinião formada sobre mim.

"Passa a nuvem negra, larga o dia... E vê se leva o mal que me arrasou, pra que não faça sofrer mais ninguém."
(Gal Costa - Nuvem Negra)

Sobre borboletas, cores e sabores.

Parece que tem um mês que não venho aqui... E, sinceramente, minha vontade é de escrever todos os dias, uma linha que seja. O meu ultimo post foi numa terça-feira. As coincidências começam e terminam por aí.

Esses dias foram uma correria. Casa cheia, desencontros, perdas, decepções e lágrimas, muitas lágrimas. Sempre tento descobrir as razões das sucessões de coisas num curto espaço de tempo; às vezes consigo encontrar os meus erros, as minhas pisadas de bola; noutras, choro até que as dúvidas se assentem lá no fundão.

Dessa vez, acho que é o cansaço de fim de ano... Cansaço de saber que muito do que se traçou não foi alcançado, mas também tô cansada de tamanha dedicação ao outro; de suar pra ser uma pessoa legal, das minhas cobranças internas, da vida que ainda não é como eu quero. Cansada de ouvir e mais ainda de falar. Cansada!!!

No meio de toda essa bagunça, uma surpresa linda: as borboletas (presentes nessa ilustração que veio de presente pra mim)! Mágicas, coloridas, esvoaçantes, serelepes, faceiras, saltitantes... INTENSAS!!! Só elas conseguem trazer um sorriso (mesmo que de canto de boca), uma certeza de ter com quem contar. Descrevê-las não é bom. Tudo que eu vá dizer ou digitar será pequeno diante do poder que elas tem, mesmo sendo seres tão frágeis. À elas, o meu agradecimento. Por estarem comigo. Sempre, sempre.



Às dores, que voltem pro lugar delas: um minúsculo espaço nesse labirinto que sou eu. Que elas nunca deixem por muito tempo o sabor amargo da decepção em mim. Porque, como diz uma frase que eu adoro, "metade de mim é amor, e a outra metade também".